Mulheres superatarefadas e com a cabeça a mil.
Trabalhar fora e ao mesmo tempo cuidar da casa já foi encarado como um peso
para o sexo feminino. Mas mesmo com os homens dividindo as atividades
domésticas, as mulheres continuam a se sentir cansadas. Por quê?
Existe uma diferença entre executar as tarefas
de casa e planejá-las, e normalmente o segundo papel está sempre nos ombros das
mulheres. São elas que geralmente programam, preveem, fazem planos e adiantam
possíveis falhas ou problemas para que as atividades de manutenção da casa deem
certo. O trabalho que elas fazem de antecipar a necessidade do outro --seja de
conforto, de escuta, segurança ou presença -- é extremamente fatigante em
níveis emocionais.
Afinal, quem tem de pensar em colocar a carne
para descongelar para o almoço do dia seguinte? Pesquisar qual comida é mais
saudável a oferecer para a criança em cada fase de vida? Lembrar do dia da
apresentação na escolinha? O nome disso é carga mental, um tema que veio à tona
em 2017, quando a cartunista francesa Emma desenhou, literalmente, o problema para
melhor entendimento do público. Essa energia cognitivo-emocional aumenta o
cansaço e nervosismo dessas mulheres, que são muitas vezes obrigadas a ouvir
que era só terem pedido ajuda. Mas não, não era só isso.
Mulheres atuam como chefes da casa
É como se as mulheres fossem as chefes da casa:
todas as decisões (desde o jantar até os produtos de limpeza que precisam ser
comprados) dependem dela. E, naturalmente, todos os membros da família recorrem
a ela se precisam de algo. Os homens que dividem o lar com essas mulheres e
deveriam compartilhar o planejamento e execução das tarefas igualitariamente,
frequentemente se colocam no papel de operários. Isso ocorre porque, de uma
maneira geral, a mulher é criada para ser, em primeiro lugar, a rainha do lar:
fogõezinhos e bonecas são exemplo dos brinquedos oferecidos apenas às meninas,
deixando claro quais são os lugares que elas devem ocupar.
Consequências da carga mental: depressão e até câncer
O problema é que toda essa demanda tem um custo:
é tanta pressão que isso acaba prejudicando a saúde mental das mulheres.
Sintomas como irritabilidade, cansaço, sono de má qualidade, dificuldade de
concentração e de manter o foco, dores no corpo e dificuldade de descansar
podem indicar que a carga mental está muito alta. Quando pensamos na quantidade
de mulheres que passam por isso, dá para entender por que há uma predominância
do sexo feminino no desenvolvimento de doenças mentais e desequilíbrios
emocionais. A depressão, por exemplo, é duas vezes mais comum nelas, assim como
a ansiedade.
Mulheres ainda são vistas como as donas do lar
O debate sobre a divisão sexual dos papéis passa
muito mais por aspectos sociais do que biológicos. Historicamente, aos homens
foram destinados papéis ligados à esfera pública e às mulheres a esfera do
privado. Ao masculino cabe então o trabalho de provedor, enquanto às mulheres
caberia a tarefa de cuidadora.
Como reduzir os efeitos dessa carga sobre as
mulheres?
Converse
Como diz o ditado, o combinado não sai caro:
discutam as decisões que precisam tomar, mesmo que não tenham filhos. O ideal é
que as tarefas sejam divididas por habilidades e competências.
Tome consciência
Pode ser muito cansativo cumprir o papel social
de mulher, mãe, esposa, amante, filha, amiga --são diferentes demandas de
valores relevantes para o indivíduo. Ninguém precisa trabalhar 24h por dia
--levando-se em consideração que o doméstico também é considerado um tipo de
trabalho.
Preste atenção.
Se atente, por exemplo, se está com dificuldade
de colocar foco em alguma coisa durante um tempo que costumava ser tranquilo e
agora parece uma eternidade. Ou em descansar: muitas mulheres reclamam que,
mesmo ao acordar, continuam exaustas.
Movimente-se e medite
A atividade é uma forma de oxigenar o corpo.
Tensionar e relaxar os músculos em seguida é uma reação do corpo ao movimento
corporal que também acalma. Meditação e técnicas de mindfulness, ou atenção
plena, também são uma forma de relaxar.
Autora: Camila Brunelli
Fonte : Fonte - Veja mais em
https://vivabem.uol.com.br/reportagens-especiais/carga-mental/index.htm#como-reduzir-os-efeitos-dessa-carga-sobre-as-mulheres?